Se você não é um daqueles caras que pensam que créditos nos filmes não servem pra nada (exceto esconder as cenas finais dos filmes da Marvel), você já deve ter reparado que é sempre um aglomerado de gente atrás das películas. Tem diretor, roteiristas, revisores, atores, dublês, figurantes, motoristas e... bem, você não tem o dia todo para ler um verdadeiro catálogo, não é?
Tem vezes que um desses tem que mostrar muita habilidade no seu ramo para salvar o filme. Coisas que o cara... Peraí! vamos chamá-lo assim: cara, portanto toda a vez que você ler "o cara" eu especifico quem foi, ok?
Então... o cara recebe o roteiro e exclama "Mas que porra é essa, diretor?" - Mas, no fim das contas, acaba contornando a situação de alguma forma e salvando o que poderia ser um dos pontos mais fraquinhos do filme. Caras como, por exemplo...
1 - Zack Snyder - em Watchmen -
Esse nome você já leu e tá na moda olhar o currículo dele, após "O Homem de Aço", né?
Mas curte aí: nosso amigo Zack recebeu o roteiro baseado na obra-prima das HQs de Allan Moore, com uma cena um tanto chocante: o personagem Rorscharch prende com uma corrente um criminoso em um móvel de uma casa e jogou-lhe uma serra pequena para que ele se salvasse. O criminoso suplica: "Essa serra não corta metal." - Rorscharch simplesmente começa a pôr fogo na casa e diz: "Mas corta carne. Se eu fosse você, me apressaria, o tempo está acabando!" - e vai calmamente até a rua assistir aos fogos e certificar-se de que sua vítima não escapou.
Agora estou ouvindo sua exaltação: você viu essa cena em outro filme: Jogos Mortais (1). Leigh Whannell e James Wan (roteiristas de Jogos Mortais), muito provavelmente leram Watchmen e se deixaram influenciar.
Aí, voltando ao Snyder... que pega a revista em quadrinhos e suspira: "Caralho! Uma das melhores cenas dessa HQ e eu vou ter de adaptar, pra não ser acusado de plágio pela ignorância popular!"
Enquanto você ficava achando chocante o que Jigsaw fez com um médico e um fotógrafo, Rorscharch já havia feito com um sequestrador e assassino...
Snyder teve de reinventar a cena, e a transformou no massacre do Cutelo, uma cena pavorosa. Mas, você sabendo que a cena original era mais legal, não mandaria a crítica para o caramba-à-quatro?
2 - Raúl Juliá - em Street Fighter (a batalha final ) -
Raúl Juliá era um cara bacana. Fez seu nome em vários filmes, como a fantástica "trilogia de dois filmes" da Família Adams, Amazônia em chamas, O beijo da mulher-aranha entre outros...
Segura aí, que eu vou dar uma pausa. Street Fighter -o filme- era esperado por gamers como eu, nos anos 90... não foi apenas um "tapa na cara da sociedade", mas um chute no saco da coitada.
Em um mundo perfeito, todo o filme baseado em jogo exigiria que o roteirista e o diretor, no mínimo, tivessem acesso à historyline do jogo e ao final. A impressão que esse filme me deu é que alguém fez uma brincadeira muito sem graça com Steven E. de Souza, roteirista e diretor, senão o próprio resolveu pregar essa peça nos gamers.
Mas ali estava nosso amigo RJ, poucos meses antes de diagnosticar o câncer de estômago que o levou deste mundo. Vestido pelos figurinistas, recebendo últimas informações, já que havia estudado o roteiro... Concluiu: seu papel era ridículo. Entendeu que Bison era um lunático e fez todo o possível para que Street Fighter não fosse uma completa tragédia. Antes da edição conclusiva, Raúl Juliá não resistiu, chegou a ganhar menção honrosa nos créditos finais do filme.
3 - A direção de dublagem da Visual Filmes - Battle Royale -
Aqui estou eu falando de Battle Royale de novo. E alguns de vocês já estão chateados comigo. De fato, assisti pelo menos 6 vezes o filme, como você deve saber se leu isso aqui.
A dublagem brasileira está entre as melhores do mundo, e isso se dá a uma preocupação com os "encaixes" entre o que foi dito e o tempo que se tem para repassar a mesma mensagem no idioma da terrinha verde-amarela.
Chamou-me a atenção quando essa diferença se aplica do japonês para o português, especialmente na cena das instruções do jogo.
Antes do play, aviso: cena forte!
Essa é a dublagem americana, mostrando porque a nossa é beeeeeem melhor.
E eu simplesmente revirei o youtube atrás dessa mesma cena dublada, ou pelo menos no áudio original...
4 - Peter Jackson - O Senhor dos Anéis -
Esse genial cineasta dirigiu e produziu toda a trilogia de O Senhor dos Anéis! Não é preciso dizer muito mais que isso, né, Cassius?
Caso você não seja deste planeta, cada livro dessa trilogia é mais do que longo. Peter Jackson conseguiu resumir mais de 3.000 páginas em 9 horas de filme, sempre respeitando a ambientação, a fotografia, o clima que Tolkien havia posto no papel, desagradando pouquíssimos fãs e convertendo milhões à cinefilia e à leitura sem precedentes.
Imaginem o peso que esse cara sentiu quando atendeu seu NOKIA 2280 (que era tecnologia de ponta na época) e soube que era a direção executiva da New Line Cinema dizendo "Escutaaki rapá... que tu acha de pegar uns 8 anos dessa tua vida e enfiar o nariz na obra-mór do véio Tolkien e no final ter o nome em um dos maiores filmes já feitos no mundo?"
E, para a sorte dos fãs, o bom Peter não parou por aí. "O Hobbit", como você já deve saber, será uma épica trilogia...
...e uma grande vitória para os fãs!
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