(O Spoiler Zone era uma sessão da era dourada do Bier como blogueiro, quando trabalhava ao lado do meu bom amigo Neco, no blog dele. Bom, o tempo passou e ele contratou outros amigos... eu não queria deixar aquelas postagens lá, então to repassando ao blog que estou fazendo com o Cassius, ou seja, pra cá. Modifiquei os textos, até porque eles nem são mais spoilers,..)
Você voltou à Spoiler Zone. Isso significa que eu vou apedrejar outro filme que vc pode ter gostado. Ou, vou fazer vc rir e apontar o dedo para a tela dizendo "É mesmo! É mesmo!"
Vamos ao alvo, digo, filme de hoje:
"Avatar" ou "O Último Mestre do Ar"
"Oh, sim! O Avatar voltou! A esperança será renovada. E que se dane a Nação do fogo!" - Isso é uma quase-citação (fui eu que inventei esse termo) de um trecho que quase se repete algumas vezes no filme.
Antes de continuarmos, um parêntese:
(Quem diabos
James Cameron pensa que é pra fazer uma obra completamente alheia à obra da Nickelodeon? "Avatar" é o épico dessa companhia de animação, surpreendeu milhões de pessoas que esperavam uma animação fraca e sem-graça, e moveu muitos atrás dos livros referentes ao enredo. Eu não assisti "Avatar", o filme, simplesmente pela raiva que me deu. E por que raios a própria Nickelodeon não processou Cameron? Ele merecia!)
Continuando essa droga de o post, a tentativa de colocar um único livro dentro do filme foi bastante válida. Sério! Vc acha que eu só gosto de apurrinhar filmes e criticar de modo negativo? Bom, Spoiler Zone não é só isso...
O filme não acrescenta muito a quem acompanhou a série (como eu), resumiu-se muito pelas adaptações que tiveram de ser feitas, mas deve-se reconhecer que fez-se todo o possível para manter a fidelidade (ah, a tão sonhada fidelidade!).
Vamos falar de elenco? Pra falar a verdade, foi mal-escolhido. Não consegui ver os verdadeiros personagens da série nos atores convocados. O próprio Aang passa partes do filme com falas artificiais, que dão a impressão de que ele está apenas lendo o texto numa tela de auxílio. Falta emoção nas falas de muitos deles. O que é realmente uma pena.
Aang é inocente e infantil em muitos episódios, até dar-se conta da responsabilidade que tem como Avatar. No filme, ficou muito bem caracterizado, como monge do Ar, mas não parecia ter "encarnado" o personagem.
Partes que envolvem sua procura equivocada pelos outros monges de ar, sua felicidade em brincar com as pessoas, e até as explicações expontâneas de Aang foram "amassadas" por uma certa falta de tato do ator.
Por outro lado, repare como o figurino se aproxima da fonte. Eu esperava uma menina mais próxima da etnia indiana fazendo o papel de Katara. Me perdoem, a menina é simplesmente linda! O conjunto do figurino ajudou pacas.
Mas a convocação de atores, como eu disse antes, pecou na questão de se expressar como os personagens, muito diferente de outros diretores que fazem os atores recorrerem às fontes originais como "dever de casa" antes de entrar em cena.
Provavelmente, faltou dever de casa.
Vejamos o Sokka, por exemplo... na série, o personagem é a comédia em pessoa. No filme, mostrou-se um Sokka completamente dramático e sério, muitas vezes distante do orignal.
Até as cenas em que Katara o congela acidentalmente (quase toda a vez que tenta dominar a água, antes das aulas), que eram cenas engraçadas, foram reduzidas a olhares zangados, mas nada muito cômico.
Acrescentando: a culpa também é do ator. Por que vcs não fazem o dever de casa? Sokka era uma das grandes atrações da série: um guerreiro valente e muito desajeitado, com conclusões patéticas em tudo que investe o nariz metido... Será que o ator não entendeu as ações-ícones de Sokka?
Questões mais ligadas ao tema principal, como o retorno do Avatar, a opressão dos submetidos à ditadura da Nação do Fogo, e a falta de esperança do mundo inteiro numa era em que há desequilíbrio total entre os elementos e povos. Aang desperta de um sono secular involuntário e é alertado pelos deuses: está atrasado.
Os flashbacks sobre o treinamento e convivência com os monges do Ar de Aang têm, não por questões de interpretação dos atores, como já apedrejei antes, mas pela beleza das cenas: cenários, ambientação inocente, pelos elementos que compõem toda a ação.
Já que falei da Nação do Fogo...
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Ah, se esse cara soubesse como eu queria interpretar esse papel... |
Zuko é o Príncipe banido da Nação do Fogo. Sua história não foi muito bem-contada no filme, pelo menos até antes de encontrar o Avatar. Sem contar que o ator não conseguiu transmitir o espírito indignado de Zuko, não usou voz forte, enfim: faltou Zuko nesse Zuko.
Embora as roupas tenham muita fidedignidade (será que essa palavra existe?), eu esperava que a cicatriz em sua face esquerda fosse mais chamativa. Ao invés disso, uma marca discreta em seu rosto e poucos cabelos faltando-lhe perto da orelha esquerda.
A série mostrava Zuko no início da saga sem muitos cabelos, mais parecendo um monge maldoso, com uma única trança sobre a careca.
Os trajes, por outro lado, lembram mesmo as alegorias da Nação do Fogo, ao longo que a série entrava no quarto livro.
Sobre o comportamento do ator (fora a parte que já desdenhei) ainda mostrou Zuko mal-humorado, grosseiro e preocupado com a honra perdida.
Outro personagem-ícone da Nação do Fogo é seu ex-general Iroh, que também protagoniza algumas cenas engraçadas. Porém, o ator escolhido não aparenta tanta idade e tanta comicidade quanto o original.
Iroh era um general sério até a perda de seu filho nos campos de Ba-seing-se (não sei se é bem assim que escreve), uma das capitais do Reino da Terra. Tornou-se um general aposentado e dedicou-se a ajudar Zuko em sua busca pelo Avatar. Seus maiores desafios são re-educar Zuko como guerreiro honrado, não com a honra que cabe ao Príncipe do Fogo, mas a honra de um guerreiro de coração humilde; aproveitar a peregrinação de Zuko para contemplar o mundo e tomar a maior quantidade de chá exótico que encontrar.
Infelizmente Iroh também sofreu alterações em seu jeito de ser, certamente por falta de entendimento entre o roteirista e o editor. Iroh era garantia de boas risadas, mas foi limitado a um homem íntegro, que luta pelo que é certo.
Porque vale a pena ver:
1 - Efeitos especiais realmente bons!
Especialmente a luta que Aang tem quando ajuda a Tribo da Água do Norte.
O Avatar é dominante da água graças ao auxílio do mestre local. Ele luta dominando ar e água contra uma tropa de soldados da Nação do Fogo, resultando num verdadeiro show de efeitos especiais!
2 - A semelhança com o enredo orignal:
Como já citei antes, houve uma série de trabalhos para se resumir a série focando os pontos principais do primeiro livro.
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Guerreiras Kyoshi
- serão valorosas em outras fases da saga - |
Algumas cenas precisaram ser sacrificadas, mas foi um trabalho muito bem-feito. Acredito que a maioria dos fãs do verdadeiro Avatar não se sentiram ofendidos com a adaptação.
3 - A emoção transmitida por certas cenas:
Os atores têm esse problema já citado da falta de envolvimento em muitas das cenas. Porém, o roteiro não é uma forma insensível de se lidar com os textos originais.
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Não que o diretor mereça uma medalha por isso... Mesmo assim, o filme, sonhado por alguns, tornou-se concretizado com direito a efeitos especiais e muita fidelidade ao roteiro.
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Aqui, um destaque para Aang no "modo Avatar". Outras cenas (que não coloco aqui pq tenho preguiça) são Aang encontrando o medalhão de seu tutor, Katara acalmando Aang, Yue dando sua vida pelos espíritos da Lua e do Oceano entre outras.
Resumindo:
O filme não é ruim, mas poderia ter sido melhor. Quem gosta de Avatar deve ignorar o fato dos atores colocarem suas falas de um modo um tanto quanto frio e partir para o abraço.
Os recursos e o fracasso de bilheteria já deixa comprovado que, apesar de agradável, é pouco possível que se faça um segundo filme. Eu, por outro lado, torço pelo contrário: que façam um segundo filme, de preferência, com olhos nos erros do primeiro. Os fãs de Avatar agradecem. E estão juntando moedas para que eu mesmo mate um tal de James com uma flecha de madeira...
Eu sou Bier. Obrigado por participar do nossos segundo Spoiler Zone!